Profª Cristiane
O processo de ensino-aprendizagem durante muito foi centrado na transmissão de conhecimentos e na relação de poder do professor sobre o aluno, desconsiderando o aluno como sujeito neste processo.Pesquisadores como Lev Semenovich Vygotsky, Jean Piaget e Henri Wallon lançaram uma nova luz sobre as discussões referentes ao processo ensino-aprendizagem, quando colocaram o sujeito no centro do mesmo. Suas pesquisas indicavam a importância dos processos afetivos no desenvolvimento cognitivo da criança.Do ponto de vista psicanalítico, entende-se afetividade como um conjunto de fenômenos psíquicos manifestados sob a forma de emoções ou sentimentos e acompanhados da impressão de prazer ou dor, satisfação ou insatisfação, agrado ou desagrado, alegria ou tristeza.No entanto, a sociedade atual alimenta um idéia equivocada de que afetividade está relacionada ao "gostar de" ou "não gostar" de algo ou alguém, reduzindo a importância de outras emoções no nosso cotidiano.As emoções estão presentes em nossa formação enquanto sujeitos e possibilitam a ampliação de nosso espectro cultural. Resistir a algo, confrontar indicam expressões do ser humano na interação com o mundo que vive. Neste sentido, todas as emoções são fundamentais no desenvolvimento intelectual de uma criança.Mas o que isso tem a ver com a escola?Durante muito tempo a escola alimentou a dicotomia entre saber (objetivo) e o sentir (subjetivo), desprezando as reais possibilidades do desenvolvimento cognitivo se ampliar além do aprendizado mecânico ao qual a criança era submetida, classificando-a entre os que "aprendiam" e os que "não aprendiam" daquela forma.Atualmente, temos a possibilidade de explorar alternativas diversas, focalizando sempre a criança como o centro do processo de ensino-aprendizagem e considerando toda sua individualidade.O letramento se dá no decorrer da vida através da experiência pessoal do ser humano. Toda a bagagem cultural adquirida propicia a formação de sua identidade. Partindo desta perspectiva, o letramento é um conceito impregnado de individualidade, visto que cada ser humano vive imerso a práticas sociais diversas e interage afetivamente em cada uma delas.Letramento e afetividade têm uma relação intrínseca. Diríamos mais, indissociável. Não é possível letrar-se em meio a ausência de sentimentos. As motivações pessoais conduzem as práticas sociais.O grande desafio da escola é desfazer a dicotomia entre saber e sentir e incentivar uma postura do letrar com afetividade.
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